A implantação do mosteiro aconteceu, portanto, de forma a tentar acompanhar e fazer parte da topografia existente, sem no entanto, deixar de ressaltar essa arquitetura enquanto um artefato importante na paisagem. Dentro do terreno escolhido — uma propriedade rural, majoritariamente descampada —, a ocupação principal aconteceu num platô a leste da entrada, cuja posição permite que, qualquer volume ali colocado, se revele de forma gradual para quem adentra ao terreno, sem a possibilidade de ser compreendido já a partir da estrada. Aproveitando caminhos internos já existentes no lote, o acesso a esse platô se dá através de um longo trajeto que acompanha de forma sutil a topografia e ascende até chegar à entrada do mosteiro.
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A setorização do desse espaço se deu a partir de uma lógica baseada em camadas de isolamento e na transição entre interior e exterior. Junto à entrada estão os usos mais comuns e menos privativos entre os monges — refeitório, biblioteca e oficinas, por exemplo —, cuja circulação é organizada a partir de um pátio central com um espelho d'água. Também com acesso a partir dessa área comum, mas deslocado do volume principal, se encontra a igreja do mosteiro, orientada no sentido oeste—leste, cuja forma se sobressai parcialmente do terreno e marca um volume importante a partir de uma compreensão externa dessa arquitetura.
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A leste desse primeiro volume, e conectado a partir de uma extensa circulação que se
abre para a paisagem, estão as celas monásticas organizadas ao redor do claustro maior — um importante elemento espacial do mosteiro Cartuxo. Para além de organizar a circulação das celas, esse espaço tem um importante caráter de iluminação e contemplação — ainda que, historicamente, não tenha tido usos estabelecidos para além dos simbólicos.
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